segunda-feira, abril 24, 2006

O dia de um arrumador (parte 2)

Está então mais que na altura de ir tratar da comezaina. Um rafeiro escanzelado até parece um bufete digno de um arrumador do Jet Set mas o Grande “Quintas” não possui as forças necessárias para perseguir tamanho festim. Siga para o talho onde a comida não se mexe (diria mesmo que até está quieta). O Grande Quintas prossegue então viagem e depois de uns longos 5 metros de marcha intensa cheia de acessos de pura loucura e monólogos chega ao talho. Sorte… O talho está fechado para a Páscoa só é preciso roubar essa famosa carne que não se mexe. Entra pelas traseiras e prossegue para a sala refrigeradora onde devora e rói uma coxa de borrego congelada até ao osso acompanhado com uma chouriça nacional.
Fantástico!! Bem se costuma dizer que a Páscoa é quando um arrumador quer!

Depois do bucho cheio está na altura de ir ter com o “Mãozinhas” o dealler de serviço. Aí depois de uma árdua negociação o Quintas compra duas belas doses por 75euros e manda-as para as virilhas. Nada de marcas óbvias para não afugentar a clientela.
Já são 13 horas e está na altura certinha para apanhar o pessoal que vai almoçar ao “Papa-Aqui”… É dinheiro certinho para as doses de logo a noite porque hoje é dia de festa. De repente a droga começa a circular e o “Quintas” começa a mandar estacionar pessoas que montam coelhos gigantes e cor-de-rosa estilo Idade Média mas mais optimista. Tudo se passa numa boa enquanto o “Quintas” jubila ao som da banda sonora da Rua Sésamo… Assim se passa uma tarde e chega a altura de pensar no jantar por volta das 19 horas. Agora se calhar vai ser difícil encontrar comida como a do talho. Mas, eis que a sorte volta a tocar o nosso caro amigo e mais uma vez ao deambular por um beco sem saída lhe aparece o rafeiro do jantar a dormir. O “Quintas” que cresceu a ver o “Macgyver” através das montras das lojas de electrodomésticos anda sempre com a sua fiel “borboleta” (não aquela faca que dá umas voltas esquisitas e tão depressa ta fechada como logo a seguir está a cortar dedos fora mas uma borboleta a sério). Tira-a do bolso dá a ordem de morte do cão e… Zás! Num ápice a borboleta mata, esfola, desossa, e ainda faz um refogado com o rafeiro. O “Quintas” delicia-se e partilha a sua refeição com o seu fiel companheiro “borboleta” (ah pois, é um macho).
“Quintas” está pronto para ir comprar as suas doses para a noite quando ao dobrar da esquina aparece o “Sextas”… “Sextas” era um indígena de uma ilha que veio parar a Europa, através dum náufrago que uma vez lá foi parar. Um tal de Robison Crusoe. Este assim que se apanhou de volta à civilização decidiu negar qualquer tipo de envolvimento físico e relação amorosa com o então chamado na altura “Sexta-feira”. Com o coração partido decidiu emigrar para Portugal, e procurar novo amor. Depois de várias desilusões amorosas, incluindo o próprio Duque de Bragança, a sua mulher Duquesa de Bragança, e os seus filhos Duquesinhos de Bragança, decidiu que queria ficar sozinho e mudando o seu nome para “Sextas” veio para o Porto e tornar-se arrumador de carreira.

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